Ainda me lembro do tempo em que se falava sobre o que se foi
Sobre o que partiu depois de ocupar todos os cômodos da alma
Do silêncio dolorido que se faz quando as canções terminam
Da escuridão que se alastra depois que os sorrisos se fecham
Da dor que era projetada em um prisma
Para se dividir em cores tantas
Quase até se tornar poesia
Hoje se fala sobre o que não chega
Sobre o que não se aproxima tempo suficiente para aquecer
Para criar aquelas memórias do que se parte
São novos tempos
Mais frios, mais líquidos, mais veloses
Ainda assim aguardei a vinda
Pintei os armários, comprei rosas do deserto, tirei o pó dos móveis
E aguardei
Sabendo que a porta não se abriria
E aguardei
Sabendo que a voz não mais se ouviria
E aguardei
Sabendo que você não existe.
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