1 de jun. de 2025

E aguardei

 

Ainda me lembro do tempo em que se falava sobre o que se foi 
Sobre o que partiu depois de ocupar todos os cômodos da alma 
Do silêncio dolorido que se faz quando as canções terminam 
Da escuridão que se alastra depois que os sorrisos se fecham 
Da dor que era projetada em um prisma 
Para se dividir em cores tantas 
Quase até se tornar poesia 
Hoje se fala sobre o que não chega
Sobre o que não se aproxima tempo suficiente para aquecer 
Para criar aquelas memórias do que se parte 
São novos tempos 
Mais frios, mais líquidos, mais veloses 
Ainda assim aguardei a vinda 
Pintei os armários, comprei rosas do deserto, tirei o pó dos móveis 
E aguardei 
Sabendo que a porta não se abriria 
E aguardei 
Sabendo que a voz não mais se ouviria 
E aguardei 
Sabendo que você não existe.

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