16 de mar. de 2024

Cinzas

 


Infinitas palavras desde então 

Sem começo, sem fim

Eternas 

Construindo-se metaforicamente sobre si mesmas 

Torres imensas 

Como árvores gigantescas 

Mortas 

Esparramadas em um deserto onde nada mais floresce 

E essas singulares miragens entoam canções confusas

Ora sobre o que se passou 

Ora sobre que se sonhou ser 

Ora sobre o que se perdeu para sempre 

Você então cruza o céu como uma deslumbrante ave em chamas 

Alto, muito alto 

Inalcançável, já que é apenas uma memória 

Que se apaga, e morre

E renasce das cinzas que sempre guardo 

E sempre guardarei 

Até que se perde no horizonte em que brilha uma alvorada petrificada 

Que nunca ilumina por completo 

E eu já não choro 

Eu já não clamo

Já não espero 

Pois que o vento sopra e para longe me esparrama 

Feito que memórias em cinzas me tornei também.