8 de jun. de 2023


 O mundo ruíra-se por centenas de milhares de vezes 

E reconstruíra-se quase completamente outro em seguida 

Sob os mesmos alicerces 

Então é estranho que por fora tudo pareça igual 

Enquanto no âmago tudo esteja diferente 

Pela primeira vez o novo adeus não fez mais sentido 

Pela primeira vez o que era próximo parecia extremamente distante 

E as palavras tornaram-se relâmpagos 

Pequenos e rápidos clarões na noite que sempre volta a reinar soberana em algum momento 

E por todos os tempos esperava um sinal que não vinha 

Alguma resposta para as perguntas que já não são mais feitas 

Mas esperava 

Esperava enquanto a luz do dia não chega definitivamente 

Enquanto do peito ouve ecos 

Preces e murmúrios 

Exaustivas ânsias 

Enquanto o espírito conserta rachaduras e trincos que sempre voltam a aparecer

E agora em que finalmente se faz algum silêncio lembro-me da indagação:

Qual a diferença entre a poesia e o poema?

A poesia é o presente 

O poema é o passado 

Sonhando com o futuro.