Este que observa a alvorada em calmaria
Não chegou aqui facilmente
Ainda que de forma oculta
Seus pés sangram
Pois foram raros
E custaram caro
Os momentos em que caminhou por flores
Seus olhos fitam o horizonte com suas cores escarlates
E as luzes da manhã iluminam suas cicatrizes
Algumas rasas
Outras
Abissais
E o tempo irá passar
Continuará seu cavalgar voraz
Saltando anos como pequenos obstáculos
Sem nada levar
Sem nada extinguir ou apagar
Para que não se deixe de usar palavras como
Sonho
Saudade
Fé
E esperança
O tempo irá passar
Mas agora
Por um minúsculo instante
Absolutamente nada dói
E a vida derrama sua misericórdia
Nas rachaduras do espírito alquebrado
Ainda não é tão tarde
Mesmo com as portas fechadas
Mesmo com o profundo silêncio
Mesmo com todos os adeuses.
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