23 de nov. de 2017

27/11


"Toda destruição gera a criação",
Ela dizia.
E meu esforço era encontrar sentido
Em mais uma crueldade que a vida oferecia
Com ares de lição.
Há esses dias em que o peito cansado não entoa seus cânticos,
Suas súplicas;
E a memória exausta repousa como uma menina dócil
Após uma tarde toda de travessuras.

Ainda sinto saudade...
Mais que isso: ainda sinto amor.

Feito fosse um Neruda,
Nada em mim é extinto ou apagado.
O absoluto e quase impenetrável silêncio do peito
Não é sua sepultura como de fato parece ser.
Ainda estamos tão vivos!
O espírito, o sonho, a palavra.
Os sentimentos são livres,
E livres vão para tão além de mim.
Mas certo dia voltam,
E o peito os recebe aberto e em festa,
Nem se importando com o vazio que tanto o feriu
E que logo voltará a ferir.