19 de jan. de 2017

No âmago do oceano



No âmago do oceano
Cujas águas nunca me queimaram
Tendo os olhos beijados
Por cores macias
Que sorriam e envolviam
No bailar sublime da profundeza
Regado aos fractais luminosos da superfície
Tanta imensidão apenas minha
Sem palavras
Tratados
Promessas
Nada a ser quebrado
Nada a dizer adeus
Nenhum espaço para outras lágrimas
Nenhuma cicatriz
Apenas a alma dissolvida
Em água
Luz
Sal
E o sagrado silêncio
Como de uma catedral submersa
Sacramentando cada partícula
Do infinito instante
Desacorrentado do passado e do futuro
A paz magnânima de nada ser e tudo estar
Do âmago do oceano
Tão morno e belo
Nunca me deixe emergir.