18 de dez. de 2015

Não, nunca mais


Abandonaram-me os fantasmas que justificariam os fracassos.
Pálidos como a desesperança e silenciosos como lágrimas nunca vistas,
Despedem-se.

Nem a luz, nem a sombra ambicionam esta alma
Cujo sabor foi consumido a última gota.
Uma casca estéril que o vento leva para não longe.

Memórias permanecem, mas não por vontade.
Como tantas outras coisas, aqui residem por falta de opção.
O que resta dos suculentos sonhos de outrora é a realidade insípida.

As demais vidas seguem em busca de fulgores e futilidades.
E eu estou parado na chuva, de olhos fechados, coração ferido;
Com os pés enraizando numa terra lúgubre que não amo.

Sinto saudade da ânsia por desatinos,
Saudade da estrada quase infinita,
Que tinha ao fim algo incrivelmente precioso.

E lembro daquele céu azul que encobriu inocentes ilusões...
Apenas tua alegria tirava do meu olhar o foco no desalento,
Banhando-o numa luz suave de expectativas jamais verdadeiras.

Não, nunca mais a velha claridade.
Nunca mais o espírito numa valsa meiga com a felicidade.
Apenas um coração que pulsa, pulsa, pulsa e nada sente.