9 de dez. de 2015

Discreta loucura


Seria o ponto mais absoluto da insanidade
Esta aparente calmaria instalada em meus olhos,
Nervos e dedos,
Ou, depois do peito dizimado,
Queimado à ferro em vermelho vivo,
E resfriado por um sangue quase morto de tão gélido,
O que resta é uma discreta e inofensiva loucura,
Frouxa e fraca,
De características tão semelhantes
Com a patética e insípida vida já bem conhecida?

O que nasceu com o fim?

Há um pântano escuro sempre tão revisitado.
Talvez algo ainda floresça em tão inóspito lugar.
Eu sei que é estúpido... Mas nem toda fé está morta.
Há um velho e grande campo dourado,
Uma oficina mágica de sonhos irrealizáveis.
E banhado da luz âmbar do poente,
Entre gentis ilusões quase inofensivas,
Eu danço com o que resta de imaculado:
Eu danço com minha loucura; distantes de todo olhar.
Continuamos a nos amar com um amor que jamais diz adeus.