1 de mai. de 2015

Auge de outono


Deixarei passos nas ruas
Em busca das memórias que gravarei em luz.
Preciso imortalizar rosas vermelhas,
Eternizar sóis poentes em céus de ametista.

O calor das chamas do mundo também fere minha alma,
Amolece e fragiliza sentimentos ancestrais.
Sentimentos que se supunham sólidos, imaculáveis.
Os olhos jazem casados perante às misérias humanas.

E quase me esqueço dos dias sem distância,
Como aquele em que numa manhã, ao lado do Belo,
Caminhava pela perfumada feira, pelo antigo bosque.
Quase me esqueço do velejar do coração, hoje afogado.

Mas neste auge de outono, 
Há a brisa fresca, a luz macia no salgueiro, a borboleta amarela...
...e eu sorrindo, 
Lembrando da fé, minúscula e sempre existente.