22 de mar. de 2013

Chiaroscuro


Não sei até que ponto meus heróis merecem todas as glórias por eu ainda ser humano.
Eles me salvaram tantas vezes quanto o sol nasceu ou me aprisionaram na Terra do Nunca?
Não sei até que ponto meus fantasmas merecem toda a culpa por meu fracasso.
Não foram tão cruéis assim, não doeu tanto... foram? doeu?

Sei que parece tarde demais para qualquer certeza,
Mas não desistirei de gritar,
Embora meu grito seja dentro de uma sala de chumbo,
Embora meu grito ninguém jamais possa ouvir.

Porque ainda tenho poder sobre minha voz, grito!
Grito ininterruptamente!
Discordo, choro, perco meus cabelos e a compostura esperada, tomo para mim uma fração de todas as dores.
Porque sou poeta, mesmo que sem talento com as palavras,
Sou poeta com a alma, a alma escondida na cela da carne.
Essa alma que é a decomposição que nutre a terra abaixo das flores.
Essa alma que é filtro segurando a escuridão em si e propagando uma faísca luminosa.

A escuridão vai permanecendo, toda ela, impregnando minha pele, ares e lençóis,
Mas o coração, mesmo que aparente negrume e frieza, continua...
Tum, tum, tum...
Poderoso como um cavalo selvagem e livre, correndo numa praia deserta, infinita.