9 de mar. de 2012

Auto-ausência ou Síndrome de Alice


Acho que nunca tomei um café tão bom; sabe? Nem forte nem fraco, no ponto, bem doce.
Café de mãe é sempre o melhor do mundo.

Sei que pouco interessa a quem quer que seja, mas as ultimas semanas não foram das melhores, nem das piores, foram peculiares.

Boa parte do tempo fiquei melancólico, e em minha mente se refletia aquela cena de “Titanic” onde a personagem “Rose Dewitt Bukater” corre pelo convés do navio sentindo como se estivesse à beira de um precipício, onde não havia ninguém que a puxasse de volta, ninguém que ligasse, ninguém que ao menos a notasse... – mas sem aquele drama todo da cena – era mais como uma cena de filme mudo e lento. Causei confusão por isso, compliquei certas coisas, pensei que se eu tivesse muita, mas muita atenção, aquela que tive 9 meses atrás, eu não pularia pela milésima vez nesse precipício cruel. A verdade é que eu tinha a mesma atenção de sempre. A verdade é que tudo está bem, os gatinhos estão bem e danados que só, a música que toca é boa e o som está puro, o quarto está limpo e todas as pessoas que mais amo estão sob o mesmo teto, quase todas – mas todos estão, finalmente, bem.

Há lua imensa no céu, meu amor não demorará a chegar, “A invenção de Hugo Cabret” - finalmente li algo nesse mês! – é um ótimo livro, e repito, o café está ótimo!
Bem, eu caí no precipício, graças a Deus, pois a dor que senti nos últimos tempos foi pura falta de mim – e o temido precipício era eu mesmo. Como Alice que despenca numa toca de coelho, e encontra um mundo tão seu, tão assustador quanto sedutor.
Ainda não cheguei ao fundo, ainda sinto certa saudade de mim, daquele meu eu tão particular quanto universal. Sinto falta daquelas cores que eu via, daqueles sabores que provava e perfumes que sentia.           
Vou sentindo a queda então, mas agora sem medo, talvez eu esteja lá no fundo, sorrindo e com um abraço à minha espera.