11 de jun. de 2011

Curado



Eu, que há pouco era tão carente de vida, embrulhado numa treva macia,
Numa madrugada longa de 12 horas, encoberto por um sono molhado de suores;
Sinto-me curado, sadio, nesse instante.
Passo minhas mãos pálidas pelo vidro da janela, o vidro é tão frio, e através dele começa o sol a dar luz ao dia,
É manhã de sábado, e eu estou vivo, vivo para sempre, para a eternidade,
Porque sou capaz de sentir.
Porque sou capaz de jorrar lágrimas por sentir.
Porque ainda há o que me emocione, mesmo que seja um olhar, tão belo e distante de mim, mesmo que seja esse vidro, tão sujo e tão frio.

De repente não me sinto mais atrasado,
Perdido num caminho por onde ninguém mais consegue passar.
De repente não me sinto mais sozinho,
Mergulhado num oceano sujo, onde tudo o que me cerca é apenas eu mesmo.
De repente entendo que meus passos são peculiares, e não completamente errados.
Foi isso; estou seguindo meu caminho, na minha velocidade, na minha forma de amar.
É isso; voei, voei, voei sem ter onde pousar,
pois não há onde pousar,
Minha casa é o céu.