Lembro-me de um tempo
Em que nos sonhos se podia voar
Como eternas crianças perdidas
Soltas no ar
Agora, às vezes,
Algumas raras vezes
O coração fica leve o bastante
Para que em madrugadas brilhantes
Os pés volitem alguns metros acima do chão
Como se fosse possível de novo
Plainar por um firmamento de inocência
Embora diferente de antes
Agora rondem o medo, as horas, os despertadores
Uma plateia displicente
E nenhuma promessa do amor
Mas há alguma magia
Sutil
Quase imperceptível
Que escorre das rachaduras que se abrem
A cada golpe violento da vida
E isso ainda faz os olhos marejarem
Como se a realidade não doesse tanto
E a esperança aguardasse ansiosa
Por seu desabrochar miraculoso
Na primavera que se aproxima.
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