Houve um tempo em que a brisa assim fria
Que desliza pelas ruas carregando palavras e folhas
Trazia ao mesmo tempo algo de uma poesia ancestral
que nunca se perde
Os anos passaram céleres
A face já não é a mesma
A alma também não
Já rasos sucos no reflexo
Ainda profundos sulcos na alma
Mas percebo que alguma parte do coração permanece a mesma
Imaculada
E quando sentimentos augustos derramam luzes suaves sobre ele
Eu vejo que de arbustos espinhosos
Desabrocham flores de imperecível beleza
Sinto então
Que talvez reste alguma chance
Que talvez não seja tarde demais.
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