Foi há dez anos
Foi ontem
E só na memória restam provas de tais épocas
Profundas...
Como um oceano misterioso
Onde repousam tesouros para sempre perdidos.
Em algumas tardes o céu se pinta do mesmo azul que habitava em seu olhar
E há então um sopro morno e mágico de saudade
Nada foi tão puro desde então
E nada será
Pois por vezes eu volto de longas peregrinações até esse santuário
E ainda repousa imóvel no altar meu ex-voto
Meu coração de pedras e flores
Inerte, mas tão cheio de vida
E eu tiro minhas sandálias pois adentro em solo sagrado
Tiro minhas roupas pois já não causam vergonha as cicatrizes
Tiro as máscaras que camuflam meus pecados...
E o que resta, se não é belo,
Ao menos tem um brilho verdadeiro.
Olho com doçura para essas paredes, para meu reflexo nos espelhos, para o sentimento materializado diante de mim
Uma brisa fresca sopra pelas janelas,
Um ipê flori lá fora, uma rosa desabrocha, uma borboleta salta pelo ar
E eu começo a enteder, década depois, porque nunca parti por completo
Aquele sentimento que já não pode mais possuir um nome
Trouxe à tona a mais bela parte de mim.
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