4 de nov. de 2022

 


Tantos estrondos por todos os lados,

Não se calam.

Não se calam.

Estilhaços afiados penetrando na mente

Enquanto essa voz gentil demais,

Essa canção suave demais,

Tenta limpar da atmosfera 

A grossa camada escura de ilusão e mentira

E alcançar algo imenso e sagrado 

Que de algum lugar nos observa.

Mas há no horizonte luz tamanha:

Não se apaga.

Não se apaga.

E o que caminha em sua direção 

É aquilo que no peito ainda bate.

Se deixarmos, 

Cruéis como são,

Roubariam até a claridade afrente dos nossos passos,

Nossa primavera, nossa poesia.

Então insisto,

Insistimos,

Temerosos, exaustos,

Insistimos.

Porque se há vida, 

Há esperança, dizem.

Então dançamos pelas esquinas,

Acreditamos que o pesadelo vai acabar,

Abraçamos como se o pior já tivesse passado,

E sorrimos,

Como se o amor existisse.