15 de jul. de 2013

Sopro


Eu nunca o levarei a um campo de lavandas, meu amor.
Sinto tanto...
É tão pouco o que sou.

Mas enquanto eu olhava para os olhos de Deus e ouvia as vozes de Deus, 
tão belas, mesmo as desafinadas, 
eu olhava ao lado; 
olhava o banco vazio ao meu lado; 
e imaginava você ali.

Naqueles momentos em que o sagrado se exibia para mim através da carne bruta dos homens, eu desejei segurar suas mãos. 
Desejei acariciar seus dedos sem olhar em seus olhos.
Desejei colocar você no barco que se tornara meu coração e velejar contigo pelo lago que minhas lágrimas leves alimentavam.
Mas você não estava ali.

Um suave sopro daqueles velhos dias entrava pelas grandes janelas de cortinas amareladas.
Eu quis que você sentisse novamente meus paraísos,
Mas as palavras estão todas tão cansadas, preguiçosas...
E o que sou além de palavras, meu amor?
Diga-me quando souber.