18 de out. de 2011

Um pranto de nuvens feridas


Se faz sol lá fora, por que há tanta chuva aqui dentro...
'um pranto de nuvens feridas.'
Assustam-me os relâmpagos, os ventos, tantos trovões.
Quem trouxe a tempestade, ou porque a criei?
É saudade? É tudo apenas saudade?
Se for, tenho medo que essa saudade se torne fome, e essa fome devore minha alegria...

As pessoas caminham abobadas pelas ruas, perdidas em seus destinos fracos.
Fazem sons estranhos, têm olhares dilacerantes.
E eu em silêncio, um silêncio de cansaço; acuado, fugitivo.

Lembro-me do casebre das primaveras... nunca lhe falei sobre ele.
É um casebre com uma única porta, no fim de um corredor pequeno, com um caramanchão natural de primaveras rosas e vermelhas.
É tão simples, tão divino.
Nos imaginei ali, morando naquela casinha humilde, sentados embaixo das flores nas tardes de domingo.
Imaginei você sorrindo e feliz por estar ao meu lado, feliz por ser para você suficiente esse tão pouco que sou. E essa foi a melhor sensação dos meus últimos dias.
Mas meu lado frio foi logo rebatendo: "Que bonita e tão, tão distante quimera..."

Meu coração tem luz simples e faz tanto escuro aqui.
Meu coração tem calor suave e às vezes caminha por um deserto gelado.

Bem queria eu sair em silêncio, em caminhar suave, por essas ruas cobertas pelas folhas do último inverno... ir ao teu encontro, ir ao meu socorro.
Como queria extrair-nos dessa realidade que nos impede o sorriso tantas vezes.
Mas o que posso fazer é apenas o que menos sei: esperar.
Esperar que a semana finde, que você se aproxime, que a chuva passe...