13 de jul. de 2011

Preciso-te

Eu vou mergulhando na sua distância.
No que fica de nós quando você se despede de mim naquele portão velho...

Minha pele já não tem o meu cheiro, mas o seu.
Meu coração já não quer mais buscar, mas te seguir.
Minhas mãos tem ânsias absurdas de tocar todas as ruas, todas as árvores, todos os muros,
toda a cidade, para saciar a vontade de tocar sua face.

E esses dias vão se arrastando... rindo dos meus desejos, da minha necessidade de ti.
E essas noites são curtas... deixando-me tão pouco em teus braços macios e quentes, enquanto neles, sonho.

Eu vou reinventando os instantes. Tentando suprir a ausência com luares, nasceres do sol, desabrochamento de flores, borboletas gigantes azuis, perfume de jasmins. 
Mas tudo, que antes era tanto, agora é tão pouco...
De ti é emanada uma luz fabulosa, magnânima, que me subtrai de mim mesmo, deixando-me nu, em minha essência mais pura. E qualquer coisa, quando comparada a isso, parece efêmera... sutil demais.

Eu vou resgatando seus sorrisos nas nossas canções, vou resgatando suas expressões nas crianças que brincam distraídas. Vou extraindo fragmentos da sua voz nos ruídos que os anjos emitem de suas asas imensas.
Mas que dias longos, meu amor...
Que dias amarelados e longos.
Que manhãs frias, tardes secas, noites escuras.

Contigo tudo é tão primaveril. 
Os Silfos modelam nuvens douradas e púrpuras para nós. 
Os ipês derramam flores mil pelos gramados...
Há tanta paz, há tanto aconchego.
Distantes, o silêncio me consome, a ausência do seu toque me põe em chamas.

Preciso-te tanto aqui, a cada dia percebo que mais.
Preciso-te tanto em mim, sobre minha pele, sob minha alma,
tornando-me pacífico, humano,
vivo.