Esse sismógrafo alojado no peito
Atento às menores oscilações
Aos menores tremores
Feito de um cristal puro e delicado
Sensível aos sutis silêncios
Às ásperas palavras
Gravando na alma o gosto amargo
Do novo adeus
Tão idêntico a todos os outros adeuses
Que desafiam a lógica
E chegam sempre antes do encontro
E tudo se repete
A agulha risca a pele
Cria sulcos profundos
Para cima e para baixo
E assim outra vez me perco
E procuro por mim
Nas mesmas canções gastas
Nas mesmas ruas frias de outono
Nas mesmas estrelas sempre cadentes
Nos mesmos perfumes que logo evanescem
Nos mesmos poentes pálidos
Nos mesmos braços que nunca
Nunca me estarão verdadeiramente abertos.