24 de set. de 2022

 

Alguma palavra certo tanto mais doce, mais bonita quem sabe, vai insistindo em romper a grossa camada de nuvens que camufla a luz. Do céu, da alma. 

A primavera nascera assim, com as ruas e avenidas envoltas em bruma suave, com alguns corações mergulhados em dolorosos adeuses, com a chuva caindo fininha e uma canção falando sobre o fim do inverno. 

Ainda são tempos extremamente esquisitos, como disse a poetisa. Mas já podemos vislumbrar alguns sorrisos, aqui ou acolá. E como são lindos, todos eles... Podemos falar até em, quem sabe, meu Deus, dias mais felizes. Talvez fosse sobre isso que os ipês cantavam através das suas últimas florações ao longo do caminho.

Pois que ainda que seja tão simples ou tão estranha, tão bela ou tão amendrontadora, isso que flui pelas vozes, pelos abraços novamente possíveis, pelos sonhos guardados e esquecidos nas noites profundas, isso, não tenho dúvida, é vida.