9 de jul. de 2022



 É o mesmo sol daqueles tempos se pondo lá fora. 

O mesmo sol dos dias em que era mais fácil sorrir,

O mesmo sol dos dias em que era difícil não chorar.

E é essa luz calma que penetra pelas paredes rachadas da alma e ainda faz brilhar suas preciosidades cada vez mais escassas. 

O passar rastejante dos minutos e a velocidade imensamente incalculável com que os anos voam,

A visão embaçada das cores, o assovio cortante e incessante do silêncio,

Os nomes se apagando todos na minha mente,

O medo, enfim materializado bem diante de mim;

Tudo girando a chave que tranca a porta de um quarto em muita desordem, sem perfume, sem calor, onde a luz não entra.

Mas inicia-se uma canção...

A melodia daqueles dias de céus de quartzo e águas de esmeralda,

De sabores, aromas, sorrisos,

E eu vejo os jovens correndo pelas ruas, ainda com seus sonhos intactos,

E chuvisca nesses meus olhos ainda tão vivos,

Ainda caçadores do que é Belo,

Eu vejo o jardim mais que resistindo, florindo, 

E eu me lembro daquelas antigas palavras gentis:

"Você também ainda vai florescer de novo.

Na verdade, você já floresce."