3 de mar. de 2022

 


Semear palavras pelo sol

Mais uma última vez

Para que o silêncio insalubre 

Não preencha de fantasmas os últimos cômodos 

Onde ainda danço a nossa velha canção 

Que você não sabia ser também sua.


Falar dos sonhos a ouvidos distantes

Mais uma última vez

Porque após a chuva era tão bonito 

A bonança descendo aos campos 

Retraindo minhas pupilas já cansadas 

De tempos de tão pouca beleza.


Caminhar pelos mesmos caminhos idênticos 

Mais uma última vez 

Na tola esperança de algum encanto pelas esquinas esquecidas

Algum olhar mais profundo 

Antes de tudo passar

Antes de tudo se tornar apenas noite e passado.