9 de fev. de 2017

Mar negro



Dia após dia: fuga!
Braçadas exaustas
Neste infinito mar negro.

Nossa carne ferida,
Nosso sangue que flui,
A fome que ruge aos nossos pés.

Devoram-nos aos pedaços,
Sem pudor ou misericórdia.
Contra as bestas dos abismos,
Nada podemos.

Uma vastidão sem lei,
Sem decência,
Sem justiça,
Sem escrúpulo.

Aves carnicentas pairam pacientes.
Logo,
De nós,
Um banquete de restos.

Frágeis iscas de um ciclo corrupto,
Fétido, desgovernado.
Marginais atirados às feras,
Saciando a voracidade dos demônios.