6 de abr. de 2015

Pandemonium


Os pensamentos se digladiam.
O silêncio, sagrado, desvia de homens impuros como eu.
Os estrondos jorram dos desejos, das ânsias, das memórias;
Do sabor inigualável dos lábios, da pele quente, da penumbra.

Apenas há calmaria em meio ao absoluto caos.
Quando todos sentimentos e sentidos entram em êxtase,
E a profusão insana de corpos e almas supera a poderosa razão:
Há paz.

O espírito, uma fera faminta em noite tempestuosa,
Adormece enfim, saciado de suculentas quimeras.
Uma breve trégua na dura luta,
Uma brisa morna numa terra presa em constante inverno. 

Que há de real neste vale de enganos?
Será emitida algum dia uma voz celestial?
Bastam as migalhas de claridade
Para guiar o coração cansado de labirintos?