7 de jul. de 2012

Um pouco de Deus



A noite já vem deitando.
A luz começa a amaciar, rarear.
A brisa que atravessa os vitrais tem gosto de inverno.
E você não chega.


Mas eu espero, se não sorrindo, ao menos pacífico.
Eu espero.
Pois os jardineiros não podem ter pressa, embora tenham ansiedade.
Os jardineiros esperam...
Esperam sem mesmo compreender.


Lembro-me daquela mão sobre meu peito.
Era um pouco como Deus dizendo: sinta-me bem aqui.
Era, realmente era. Como ainda é.
Pois os sentimentos nunca se enganam.
Nunca se enganam, 
assim como as lágrimas nunca escorrem sem sentido.


Era um pouco de Deus...
Não para me mostrar quão errados ou certos eram os caminhos que meus pés escolhem.
Mas para me mostrar que fossem quais fossem, Ele, da sua forma ainda misteriosa, permanecia bem ao lado.


É um pouco de Deus que sinto queimar aqui dentro.
Uma chama humilde, de parco calor e claridade.
Mas uma chama estável.
Eterna.