Houve um fevereiro em que um ipê amarelo floriu
Eu não esqueci
Eu não quero esquecer
Agora é abril
E um ipê branco floresce
E eu envolvo a memória em palavras leves
Para que ela não afunde
E se perca em um breu infinito
Algumas belezas vêm assim
Nas estações erradas
Fugazes e especiais
Clamando versos simplórios
Para que não se percam completamente
Porque amanhã já não haverá mais flores no ipê branco
Nem o som de qualquer voz
Nem o brilho de qualquer sorriso
Outro momento especial
Outro momento fugaz
Olá até logo adeus
Tudo em uma mesma noite
A alma
Essa coisa tão rara
Entregue sem pensar
Pois pensar paralisa a vida
E a vida precisa correr
Chegar ao próximo ponto
Ao próximo corpo
Ao próximo êxtase
É confuso
Eu sei
E precisa ser simples
Rápido
Prático
Substituível
E foi.