31 de jul. de 2021

31/07/2021




 Velhos versos em páginas manchadas pela beleza de um tempo em que sonhos juvenis transitavam sem medo por calçadas, ruas e rodovias. 

"Há teu cheiro no cheiro da noite que apenas eu sinto."

Eu dizia...

"No canto triste do pássaro enjaulado, há o meu canto: preso distante de ti.

A lua brilha, cheia, como a safira feliz dos teus olhos."

E já não me lembro sequer pela luz de quais olhos eu lamentava a ausência...

"Amo a noite como se te amasse.

Deixo os braços negros dela me tomarem.

Observo-a como você me observa: de lábios selados, olhar atento.

Sem palavras." 

E eu sorrio ao sentir na boca um gosto sutil da pureza daqueles antigos anos dos quais apenas rabiscos em letra torta sobraram. 

Em outras linhas eu digo como que a um reflexo: tudo o que fui prossegue em mim. 

E as palavras gentis do eu passado não servem de grande consolo diante dos ventos frios que sopram pelas frestas saudades amorfas,

Mas elas, depois do tanto que já partiu, permanecem aqui,

E estarão comigo quando estas mãos frias se levantarem novamente em um brinde à vida,

Estarão quando, se talvez, um dia, um novo verso de amor puder ser traçado,

Estarão aqui quando os sorrisos forem novamente permitidos e novas receitas para futuras saudades puderem ser escritas.

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