Velhos versos em páginas manchadas pela beleza de um tempo em que sonhos juvenis transitavam sem medo por calçadas, ruas e rodovias.
"Há teu cheiro no cheiro da noite que apenas eu sinto."
Eu dizia...
"No canto triste do pássaro enjaulado, há o meu canto: preso distante de ti.
A lua brilha, cheia, como a safira feliz dos teus olhos."
E já não me lembro sequer pela luz de quais olhos eu lamentava a ausência...
"Amo a noite como se te amasse.
Deixo os braços negros dela me tomarem.
Observo-a como você me observa: de lábios selados, olhar atento.
Sem palavras."
E eu sorrio ao sentir na boca um gosto sutil da pureza daqueles antigos anos dos quais apenas rabiscos em letra torta sobraram.
Em outras linhas eu digo como que a um reflexo: tudo o que fui prossegue em mim.
E as palavras gentis do eu passado não servem de grande consolo diante dos ventos frios que sopram pelas frestas saudades amorfas,
Mas elas, depois do tanto que já partiu, permanecem aqui,
E estarão comigo quando estas mãos frias se levantarem novamente em um brinde à vida,
Estarão quando, se talvez, um dia, um novo verso de amor puder ser traçado,
Estarão aqui quando os sorrisos forem novamente permitidos e novas receitas para futuras saudades puderem ser escritas.
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