Discretos desesperos são silenciados pela voz macia e rouca não muito distante,
Logo a imagem de um sorriso oculto,
E um aceno,
E uma despedida;
E a realidade escorre para fora da pausa e volta a caminhar.
Pouco há de tudo o que há,
Já o disse,
E disse novamente,
E repeti.
Porque em algum lugar flutua o aroma místico de perfumes raros,
E em algum lugar os pássaros cantam versos misteriosos e sublimes,
E em algum lugar o amor opera maravilhas desconhecidas em almas alquebradas,
Mas aqui apenas reina o mesmo sol de luz descorada
Sobre as cansadas horas,
Legítimas indignações e
Flores frágeis.
A brisa, os transeuntes, os portões abertos, trazem apenas faíscas de algo embelezado,
Algo que se liquefaz nas mãos mornas da tarde.
E busco por entre as páginas de bons e maus poetas algo que decifre o murmúrio ininterrupto que ecoa do peito,
Só que não compreendo as palavras que dançam e se misturam arrogantes como se eu não estivesse suplicante ali,
Como se não precisassem jamais fazer algum sentido aos que clamam seu alento.
Mas sozinho algo eu entendo dos ruídos confusos que me chegam,
Uma melodia com ainda alguma pureza em si,
Que cantarola insistente:
Ainda pulso...
Ainda sou o mesmo,
Ainda estou aqui.
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