20 de jul. de 2023

 



Ainda pode-se ouvir o sino da velha igreja de Nossa Senhora

Ao longe, abafado 

Um som que já é quase mais uma memória que um fato

Minutos antes 

O silêncio cortante 

Com poucas palavras afiadas desfilando diante dos olhos 

E se tudo desabar, meu Deus? 

O coração aflito, apertado

Então o badalar distante...

Como que Deus dizendo 

Estou aqui

Sempre estive aqui 

E aqui continuarei 

Assim, o silêncio torna-se colo

O escuro da noite, um afago

A brisa quase fria, um sopro perfumado de misericórdia.

8 de jul. de 2023

 


Guiava-se às vezes ainda pelo brilho de estrelas mortas 

Visto que quando a noite é repleta de uma escuridão dura

Quase tangível 

Mesmo que falsas

As tais quase únicas claridades 

Eram os únicos sinais a apontar o caminho 

E por tanto olhar o firmamento 

Na busca infinda de alguma luz ilusória

Mal notava o próprio peito um tanto mais quente

Um tanto mais cintilante 

Entoando canções ancestrais 

Imaculadas 

E por tanto olhar o firmamento 

Na busca infinda por anjos imóveis em seus pedestais 

Mal notava o próprio espírito um tanto mais puro

Um tanto mais leve 

Alçando voos modestos

Mas com suas próprias asas.