31 de mar. de 2023

Pontas dos dedos

 


Talvez algo de sagrado ainda resida 

Nas pontas desses dedos cansados 

Embora já não os veja tocando o vento 

Desenhando poemas bobos de felicidade 

Acariciando qualquer face


Eles ainda dançam é verdade 

Rendidos a algumas canções 

Que o tempo não teve força de contaminar 

E eles ainda secam

Uma ou outra lágrima de alívio 

Ou de espera

Muita espera


E tudo isso que passa sem cessar 

Ferindo a pele e penetrando ao âmago

Purifica o que não se perde 

Mais palavras virão então 

Sobre coisas que não podem ser ditas.