29 de mar. de 2013

Oceano particular


Se eu tivesse seguido os conselhos que dei, a dor não estaria aqui agora.
Se eu tivesse respeitado e permitido que permanecem aqui meus sonhos simples, eu estaria sorrindo agora.
Se eu não tivesse passado tanto tempo preocupado em ser melhor que algo, meus cabelos não estariam caindo agora.

Adiarei mais uma vez a visita ao mar.
Adiarei mais uma vez aquela ligação.
Adiarei mais uma vez o olhar nos olhos.

E eu que sempre precisei, desejei, ansiei estar imobilizado por um abraço...
Agora apenas nado lentamente para cada vez mais longe no meu oceano particular.
E quanto mais silêncio, melhor.
Quase dá medo de não saber mais voltar.

Mas sinto falta dos meus olhos, meus olhos que o sal desta água queimaram.
Sinto falta da minha pele macia e sensível ao toque.
Sinto falta de ouvir meu nome sendo chamado.
Sinto falta de sentir falta.

22 de mar. de 2013

Chiaroscuro


Não sei até que ponto meus heróis merecem todas as glórias por eu ainda ser humano.
Eles me salvaram tantas vezes quanto o sol nasceu ou me aprisionaram na Terra do Nunca?
Não sei até que ponto meus fantasmas merecem toda a culpa por meu fracasso.
Não foram tão cruéis assim, não doeu tanto... foram? doeu?

Sei que parece tarde demais para qualquer certeza,
Mas não desistirei de gritar,
Embora meu grito seja dentro de uma sala de chumbo,
Embora meu grito ninguém jamais possa ouvir.

Porque ainda tenho poder sobre minha voz, grito!
Grito ininterruptamente!
Discordo, choro, perco meus cabelos e a compostura esperada, tomo para mim uma fração de todas as dores.
Porque sou poeta, mesmo que sem talento com as palavras,
Sou poeta com a alma, a alma escondida na cela da carne.
Essa alma que é a decomposição que nutre a terra abaixo das flores.
Essa alma que é filtro segurando a escuridão em si e propagando uma faísca luminosa.

A escuridão vai permanecendo, toda ela, impregnando minha pele, ares e lençóis,
Mas o coração, mesmo que aparente negrume e frieza, continua...
Tum, tum, tum...
Poderoso como um cavalo selvagem e livre, correndo numa praia deserta, infinita.

6 de mar. de 2013

Força da rosa


Não são raros dias como esse.
Quentes por fora, frios por dentro...
Secos por dentro e por fora.

E é tão difícil não sentir grande cansaço,
perante às as horas lentas, 
perante os mesmos dias traiçoeiros,
perante às mesmas pessoas sem empatia.

Mas mesmo diante de tanto sol,
não vi as rosas morrerem.
Mesmo diante de tanto cansaço,
não vi meu coração endurecer e desistir por completo.
Mesmo diante de tanto egoísmo,
ainda existem os sorrisos gratuitos.

Continuar é o que dá pra fazer.
Chorar hoje, sorrir amanhã.
Desfalecer hoje, voltar à luta amanhã.
Amar hoje, amar também amanhã.



Imagem: internet