4 de mar. de 2023

Alvorada

 


Sei que algum anjo ainda me olha com ternura, mesmo eu não soltando de suas asas antes da promessa de levar meus sonhos aos céus.

Não deixaram de ser tempos estranhos, mas olhando para trás eu vejo milhares de flores cultivadas pelos caminhos, centenas de páginas com poemas singelos levados pelo vento, flutuando na atmosfera, alcançando outros corações igualmente simplórios.

E eu me lembro de estar no mesmo lugar e de receber o mesmo abraço sincero quando a fala foi embargada pelo medo, e tempos depois, pela gratidão. 

Vejo então ao longe os primeiros pilares cintilantes se erguem lentamente, delicadamente, sem alarde, mas cortando a escuridão de uma longa noite sem estrelas. 

É possível que tenha chegado o momento de colher as luzes da Alvorada, de semear novas páginas, de reescrever jardins. 

E talvez, talvez junto às luzes você se aproxime também, e exista na sua face um sorriso de calmaria, e em seus olhos, finalmente, o brilho de um novo dia.