Não é possível saber se vale de alguma coisa cultivar essas flores ingênuas nas brechas pelas quais as assombrações tentam se libertar,
Não é possível saber se as orações simples da infância podem mante-las calmas e afastadas por muito tempo,
Não é possível saber se na verdade isso que ouço arranhar as paredes cansadas da alma são mesmo antigos fantasmas ou meras consequências...
Então se por um instante me for permitido não pensar, eu gostaria de ser como os poetas
Que nunca morrem e nunca sofrem por nada além do amor e da estiagem.
Se me for permitido por um instante não sentir, eu gostaria de ser como o vento que o tempo não consegue ferir,
Ser como os zéfiros que rodopiam as folhagens amareladas pelos caminhos despovoados, anunciando outro enigmático agosto em que há tanto para sucumbir e tanto para renascer.
E o que vem ao meu socorro é um raro e precioso silêncio sem saudade ou sonho.
Assim, volto a ferir as mãos na terra rude e aconchego frágeis belezas em seu âmago;
Ajoelho-me humilde,
Feito o menino que era livre da culpa,
E agradeço pelo coração que aos poucos conhece a cura,
O coração que aos poucos refloresce.
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