11 de jul. de 2021

11/07/2021

 


Sei que já não são os velhos e sagrados faróis a medir as obstinadas e tolas palavras;

O azul que me contempla repleto de um massivo vazio pertence apenas ao céu que precede o sétimo agosto. 

E abaixo do firmamento, uma calmaria suspeita foi se fazendo tão intensa e afiada que lentamente cria pequenos cortes na alma fraca quando esta vasculha outra vez ruas e memórias em busca da própria inocência;

E são dessas fendas que as palavras escorrem.

As palavras, de novo e de novo, elas.

Moldadas por mãos pouco hábeis,

Tomando a forma de preces, de súplicas, de flores, de canções de adeus;

Para em seguida se desmancharem no ar, como as nuvens que o inverno levou embora. 

Mas antes elas me dizem que a vida persiste.

Como os ipês que continuam a colorir os caminhos não muito distantes daqui;

Dizem que, oculto por pequenas flores roxas, 

Resiste o velho e frágil lírio da paz...

Aquele que já embelezou o caminho por onde os sonhos desfilaram.

E tudo, eu sei, é por medo da escuridão e do silêncio, 

Das avenidas continuarem para sempre desertas feito fossem o coração. 

E tudo, eu sei, é por esperança de um outro sorriso, 

Repleto de claridade e absolvição.

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