Sei que já não são os velhos e sagrados faróis a medir as obstinadas e tolas palavras;
O azul que me contempla repleto de um massivo vazio pertence apenas ao céu que precede o sétimo agosto.
E abaixo do firmamento, uma calmaria suspeita foi se fazendo tão intensa e afiada que lentamente cria pequenos cortes na alma fraca quando esta vasculha outra vez ruas e memórias em busca da própria inocência;
E são dessas fendas que as palavras escorrem.
As palavras, de novo e de novo, elas.
Moldadas por mãos pouco hábeis,
Tomando a forma de preces, de súplicas, de flores, de canções de adeus;
Para em seguida se desmancharem no ar, como as nuvens que o inverno levou embora.
Mas antes elas me dizem que a vida persiste.
Como os ipês que continuam a colorir os caminhos não muito distantes daqui;
Dizem que, oculto por pequenas flores roxas,
Resiste o velho e frágil lírio da paz...
Aquele que já embelezou o caminho por onde os sonhos desfilaram.
E tudo, eu sei, é por medo da escuridão e do silêncio,
Das avenidas continuarem para sempre desertas feito fossem o coração.
E tudo, eu sei, é por esperança de um outro sorriso,
Repleto de claridade e absolvição.
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