O excesso de silêncio tem deixado uma cicatriz que não se cala.
Um ruído ininterrupto que soa como um efeito colateral de tanta distância e temor.
E essas avenidas vazias por onde só o vento seco e frio caminha, são tão diferentes das vias internas de trânsito infernal por onde os pensamentos circulam sem lei e sem controle, causando pequenos estragos, pequenas fraturas.
É estranho tudo isso que restou depois de todos os perdões terem sido oferecidos, depois que os sonhos adormeceram e as memórias tombaram exaustas.
É um fim de batalha que não oferece paz, não traz calmaria.
Mas é um fim.
Outros versos sem grande sentido virão em louvor às ventanias do agosto que de novo se aproxima.
E tudo será dito mais uma vez, e será esquecido mais uma vez, em um incompreensível e sagrado ciclo de angústia e êxtase, de culpa e absolvição.
Porque é certo que a missão do tempo é rejuvenescer a alma, substituindo nocivas ilusões por construções de beleza singela, mas de alicerce firme.
Por hoje, o sol já se deita suavemente dando lugar ao sopro gélido e escuro da noite, e eu volto a caminhar junto ao vento pelas vielas esquecidas, fugindo em busca da quietude que não existe pelas ruas do espírito.
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