19 de jul. de 2021

19/07/2021

 


O excesso de silêncio tem deixado uma cicatriz que não se cala. 

Um ruído ininterrupto que soa como um efeito colateral de tanta distância e temor.

E essas avenidas vazias por onde só o vento seco e frio caminha, são tão diferentes das vias internas de trânsito infernal por onde os pensamentos circulam sem lei e sem controle, causando pequenos estragos, pequenas fraturas. 

É estranho tudo isso que restou depois de todos os perdões terem sido oferecidos, depois que os sonhos adormeceram e as memórias tombaram exaustas. 

É um fim de batalha que não oferece paz, não traz calmaria. 

Mas é um fim.

Outros versos sem grande sentido virão em louvor às ventanias do agosto que de novo se aproxima. 

E tudo será dito mais uma vez, e será esquecido mais uma vez, em um incompreensível e sagrado ciclo de angústia e êxtase, de culpa e absolvição.

Porque é certo que a missão do tempo é rejuvenescer a alma, substituindo nocivas ilusões por construções de beleza singela, mas de alicerce firme. 

Por hoje, o sol já se deita suavemente dando lugar ao sopro gélido e escuro da noite, e eu volto a caminhar junto ao vento pelas vielas esquecidas, fugindo em busca da quietude que não existe pelas ruas do espírito.

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