Bethânia me canta seus breus,
E eu, sempre em fuga e ao encontro dos meus,
Me lembro: o perfume amadeirado, o sol poente, as mãos livres parindo versos carentes de sentido e até de beleza, porém cheios de ternura.
E tudo isso que havia depois que o amor não mais existia, não deixava de ser amor, só que menos brilhante, mais inquebrável, menos ausente.
E pelas ruas há quem sorria, e eu mergulho em suas vozes, em suas mãos pelos cabelos, em suas pernas sobre o caminho, nos sonhos que imagino para eles e para mim.
Mas como falar às almas se a minha ao menor tremor se cala?
Minha voz serena contra corações bravos como rochas...
Como falar dos velhos lumes, das noites frias derrotadas por um instante de ilusória comunhão, se eu já suguei até o tutano das memórias, das flores, da chuva e do sol?
Já recosturei cada trapo de utopia trazido pelo ar nessa colcha fria e feia de retalhos.
E ela se estende flutuando por todas as ruas, por todos os becos agora vazios e desencantados...
Enquanto eles voam, eu afundo há meses e meses junto das mesmas canções,
Enganando a mim mesmo quanto ao valor dos tesouros submersos que ainda encontro.
E volto à tona,
E finda a canção.
Não resta muito a dizer por não haver muito a sentir.
Melhor assim,
Talvez.
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