O sopro gélido parece ser o que sobra do movimento das asas dos anjos quando os sinto partindo mais uma vez.
E eu atiro versos cansados, fracos, para alimentar a pequena chama que resiste a aquecer os cantos do espírito onde a luz quase não chega.
Uma chama que já quase não aquece, mas que não posso deixar morrer.
E não é muito, mas o fogo frágil ainda exala um perfume de mirra e jabuticabeira em flor.
Enquanto isso eu falava das coisas sagradas brotando sobre as rudes e frias montanhas da realidade que todos carregamos,
Eu falava de algo de belo mesmo nas tardes cinzentas e quase sem vida.
Eu falava, falava...
Tanto.
Toneladas de desejos, lamúrias, desistências, memórias, desaguando em um infinito de esquecimento.
E menos sozinho talvez estivesse se fosse aquele menino esquecido na terra estrangeira dos devaneios, porque havia um sorriso que me permitia sorrir também...
Lá, por onde eu seguia em caminhos pavimentados de utopias, eu podia sonhar com um pouco da claridade solar aquecendo ainda mais as mãos entrelaçadas,
Acreditando por um momento que talvez,
Na verdade,
O sopro gélido esteja vindo do bater de asas dos anjos que se aproximam.
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