12 de jul. de 2021

12/07/2021

 


"É preciso voltar a crer na força da vida!" dizia ela,

E eu pensava que não era mais possível seguir apenas sobrevivendo à estiagem, 

Às despedidas,

Às memórias,

Aos desencontros. 

Eu pensava que não era mais possível seguir apenas trancando as portas e apagando as luzes,

Observando nostálgico o velho e cansado ipê que um dia floresceu naquele fevereiro tão distante. 

Então percebo que acima do som rude e ruim que o medo entoa, que mais forte que seu cheiro triste e grosseiro,

A alma emite uma canção cheia de acalanto, utopias de tempos bonitos, sonhos pouco ambiciosos, que repousam pacíficos para o porvir. 

E de suas pequenas e delicadas mãos, florinhas de ilusão exalam um aroma adocicado de boa esperança.  

E me emocionou lembrar dos olhares que continuam a se tocar, 

Dos sorrisos ainda ocultos por escudos inevitáveis, 

Mas que permanecem lá, 

Luminosos. 

E me emocionou a voz envolvida em tanta ternura, 

Guiando-me a ver as preciosidades singelas que os versos pobrinhos conseguem por vezes esculpir. 

"É preciso voltar a crer na força da vida!" dizia ela...

E me emociona saber que,

Mesmo sem perceber,

Somos nós essa força. 

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