"É preciso voltar a crer na força da vida!" dizia ela,
E eu pensava que não era mais possível seguir apenas sobrevivendo à estiagem,
Às despedidas,
Às memórias,
Aos desencontros.
Eu pensava que não era mais possível seguir apenas trancando as portas e apagando as luzes,
Observando nostálgico o velho e cansado ipê que um dia floresceu naquele fevereiro tão distante.
Então percebo que acima do som rude e ruim que o medo entoa, que mais forte que seu cheiro triste e grosseiro,
A alma emite uma canção cheia de acalanto, utopias de tempos bonitos, sonhos pouco ambiciosos, que repousam pacíficos para o porvir.
E de suas pequenas e delicadas mãos, florinhas de ilusão exalam um aroma adocicado de boa esperança.
E me emocionou lembrar dos olhares que continuam a se tocar,
Dos sorrisos ainda ocultos por escudos inevitáveis,
Mas que permanecem lá,
Luminosos.
E me emocionou a voz envolvida em tanta ternura,
Guiando-me a ver as preciosidades singelas que os versos pobrinhos conseguem por vezes esculpir.
"É preciso voltar a crer na força da vida!" dizia ela...
E me emociona saber que,
Mesmo sem perceber,
Somos nós essa força.
Nenhum comentário:
Postar um comentário