Os doces antigos anos flutuam como lembranças quase esquecidas em uma atmosfera distante, inatingível, feito fossem pequenos vagalumes dissolvendo ínfimas porções da escuridão das longas madrugadas.
Foram muitos dias de sol, vento e chuva castigando a fortaleza ebúrnea da inocência;
Muitas palavras, muitas mãos, muitos lábios...
E os poderes mágicos foram se tornando cada vez mais rarefeitos, o mundo foi se tornando mais cruel e a claridade do dia desaparecendo mais rápido.
E chegam as noites onde a cidade cessa seus murmúrios e cantigas;
Noites frias, de céu profundo e limpo, com o luar leitoso de julho escorrendo suas luzes pelos muros e jardins.
Então é agosto que se aproxima, penetrando por portas, poros e janelas com um perfume igual ao dos tempos dos pés descalços pela areia morna dos caminhos arborizados. E os olhos marejam um pouco pelas borboletas delicadas sobre as flores singelas que resistem ao inverno, por uma solitária canção que alguém dedilha não muito longe, pelo coração que já não é tão belo agora que com suas cicatrizes, mas que nem por isso se tornou frio
Ou menor.
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