5 de ago. de 2021

05/08/2021


Inocentes luzes na jovem noite de agosto brilham acima do pequeno circo itinerante,

E brilham também os olhos por um instante.

E mesmo com seu vazio, 

Sem crianças correndo com doces e encantos,

E mesmo com suas lonas cerradas,

Com suas arquibancadas sem público e seu picadeiro sem quem a este anuncie o maior espetáculo da Terra;

É possível que a magia ali adormecida lembre a quem passa veloz subindo e descendo pela velha ladeira não apenas sobre os passados dias que eram repletos de preciosidades simples e tangíveis, 

Mas do sabor e do perfume de uma esperança que talvez não tarde a renascer. 

E brilham também os olhos por um instante... Brilham... diante do nascimento de um último poema bobo e enternecido,

Que é sempre o penúltimo, 

Que é sempre o antepenúltimo;

Porque pelo solo do coração desabrocham ainda e lentamente sentimentos puros, 

Feito flores delicadas,

Que sempre perecem pela aridez da realidade,

E que sempre ressurgem diante da primavera.

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