22 de ago. de 2021

21/08/2021

 


Quando eu canto eu não ouço os fantasmas assoviando falsas premonições tristes. 

E ainda que a minha voz não possa atravessar a armadura rude da realidade, nos sonhos, através dela eu ainda posso alçar voo como nos tempos em que havia amor e o amor me abrigava em fortaleza impenetrável. 

Quando eu firo as mãos cavando a terra pedregosa, semeando na esperança de que algo floresça mesmo no auge de um inverno hostil, não posso sentir que outras partes sangram. 

Então alguma beleza singela vem à tona pelos cortes feitos na terra e na alma.

Quando eu fecho os olhos e suplico pela fé, eu posso imaginar o céu azul, azul, muito além do manto escuro de onde chovem cinzas. 

E sorrio de alívio...

Assim eu desdobro os joelhos e volto ao caminho,

Talvez não tão mais sozinho.