Quando eu canto eu não ouço os fantasmas assoviando falsas premonições tristes.
E ainda que a minha voz não possa atravessar a armadura rude da realidade, nos sonhos, através dela eu ainda posso alçar voo como nos tempos em que havia amor e o amor me abrigava em fortaleza impenetrável.
Quando eu firo as mãos cavando a terra pedregosa, semeando na esperança de que algo floresça mesmo no auge de um inverno hostil, não posso sentir que outras partes sangram.
Então alguma beleza singela vem à tona pelos cortes feitos na terra e na alma.
Quando eu fecho os olhos e suplico pela fé, eu posso imaginar o céu azul, azul, muito além do manto escuro de onde chovem cinzas.
E sorrio de alívio...
Assim eu desdobro os joelhos e volto ao caminho,
Talvez não tão mais sozinho.
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