14 de ago. de 2021

14/08/2021



 Uma luz cansada tinge de bronze as ruas sonolentas,

E essa claridade parece devolver a vida a alguns pequenos pedaços de recordações que foram ao longo dos anos sendo deixados pelas calçadas e caminhos. 

E é esse um dos poderes de agosto:

Trazer para a superfície da tarde vivências que agora soam mais belas e importantes do que realmente foram,

Mas eu aceito o abraço macio dessas saudades de pouco significado.

Ao menos, é um abraço, um aconchego.

E eu sei que os novos versos se juntarão aos velhos versos, correndo todos rio abaixo até um mar de esquecimento que os dissolve e eterniza;

Mas eles se achegam...

Porque há o sol que se põe atrás das crianças que pulam e cantam, ainda protegidas de ver a dor em tantos cantos,

Há as moças que sorriem enquanto caminham talvez sonhando com algo mais belo para além do horizonte,

E os moços que sorriem por talvez ter o coração floreado de esperanças. 

E há a mim, que a tudo observo,

Só, simples e invisível,

Também banhado pela luz morna que se deita,

Também me fragmentando pelas ruas e me tornando memória. 


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