Uma luz cansada tinge de bronze as ruas sonolentas,
E essa claridade parece devolver a vida a alguns pequenos pedaços de recordações que foram ao longo dos anos sendo deixados pelas calçadas e caminhos.
E é esse um dos poderes de agosto:
Trazer para a superfície da tarde vivências que agora soam mais belas e importantes do que realmente foram,
Mas eu aceito o abraço macio dessas saudades de pouco significado.
Ao menos, é um abraço, um aconchego.
E eu sei que os novos versos se juntarão aos velhos versos, correndo todos rio abaixo até um mar de esquecimento que os dissolve e eterniza;
Mas eles se achegam...
Porque há o sol que se põe atrás das crianças que pulam e cantam, ainda protegidas de ver a dor em tantos cantos,
Há as moças que sorriem enquanto caminham talvez sonhando com algo mais belo para além do horizonte,
E os moços que sorriem por talvez ter o coração floreado de esperanças.
E há a mim, que a tudo observo,
Só, simples e invisível,
Também banhado pela luz morna que se deita,
Também me fragmentando pelas ruas e me tornando memória.
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