13 de ago. de 2021

13/08/2021

 


De algum lugar talvez você também esteja notando que o azul do céu tem se desbotado, 

E tenha suspirado de apreensão diante de tantas vozes embaralhadas;

Sons confusos sobre salvações e perdições,

Sobre o fim e o início dos tempos. 

De algum lugar talvez você esteja procurando a minha face nas faces ao redor,

Também sem saber quem sou,

Também sem saber se um dia vou chegar. 

E eu penso que os anjos erraram quando disseram que não é necessário segurar outras mãos para alçar voo a algum paraíso que ainda possa ter restado,

Porque meus dedos não perdem a insistência de buscar pelo vazio o calor de outros.

Em verdade, é bem provável que as velhas utopias tenham se tornado apenas alucinações que vagam soltas em todos os agostos, e estejam já empalidecendo e desbotando, como este céu.

De algum lugar talvez você pense que é possível encontrar alguma beleza esquecida por acaso em caminhos estéreis e mal iluminados, como eu. E talvez sinta algum conforto ao ouvir o ronronar doce e melancólico da cidade pelo fim da tarde, e se deixe sonhar um pouco com leves e novos dias.