Não resta tola força ingênua como aquela que tentou laçar e manter por perto forças celestiais que por breve tempo lançaram fogo e vida ao coração primitivo.
E o que resta, esconde-se bem, eu sinto, entre culpas, ânsias e esperas.
São novamente dias quentes de céu opaco e esperanças rasas, mas a alma não deixa de tremer, não deixa de mergulhar aflita em busca de uma paz plena que sabe não poder alcançar.
E eu temo ao notar no antigo brilho dos olhos o que talvez já sejam passados dias dourados, onde não se conhecia nada a se temer.
Se é que existiram tais dias, já quase não sinto-lhes o perfume e a doçura.
E quem ainda sente?
O que ficou foi a poesia amarga de agosto, versos cansados, palavras enrijecidas. Essa casca delicada e furta-cor sobre a superfície da vida;
Uma armadura frágil, uma espada de vidro que empunho quase inutilmente diante da besta-fera realidade que a tudo tenta devorar sem misericórdia.
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