Quase que feito de vento seguia pelos caminhos esmaecidos por mais um agosto quase eterno,
Aos poucos, a cada passo, tomando consciência do abençoado fardo que o espírito carrega por tanto sentir,
E sentir de novo,
E ainda outra vez.
Não fosse assim, talvez os delicados milagres que florescem pelas esquinas vazias seriam invisíveis,
As roseiras que resistem exuberantes no jardim não causariam emoção,
E o canto sublime das esperanças seria inaudível.
Então mesmo para os mais singelos atos de coragem é rogada a misericórdia,
Porque quando nada mais houver a ser depurado e a alma estiver convertida em pura luz,
Humildemente,
De joelhos,
Ainda a misericórdia será rogada;
Quem dirá agora quando o coração ainda é um vasto sertão onde raramente poucas flores às vezes desabrocham.
Já sinto um pouco de falta desses dias que passarão,
Dessa espera suplicante pelo fim da estiagem nos campos e no peito,
Já sinto um pouco de falta da coloração magnífica dos ipês pelas paisagens amareladas, desoladas,
Com toda a vida em letargia aguardando para renascer na primavera.
Mas agosto passará, levando consigo seus ganhos, perdas e memórias,
Ficará sua poesia,
E um pouco de saudade,
E pouco de paz.
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