11 de ago. de 2021

11/08/2021

 


É como se fosse algum agosto passado...

As folhas dos velhos ipês despencam da mesma forma como antes, preparando-se para mais um poético epitáfio,

O ar traz algum perfume de não muito longe junto ao cheiro sufocante e adocicado de canaviais em chamas;

A gentil donzela recebe rosas pelo meio da tarde, 

As crianças correm e desobedecem encantadoramente como era há não muito,

O velho lar de orações anuncia a reabertura de suas portas;

E eu entendo a mensagem delicada da vida que resiste florescendo lentamente por entre os escombros dos dias e dias que foram desabando sobre si mesmos.

E é como se fosse um agosto completamente novo...

Sem adeuses, sem memórias, sem sonhos famintos.

Assim, ainda que do céu opaco as águas não anunciem uma bendita queda, 

Dos olhos alguns rasos filetes de gratidão enfim escorrem.

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