Na entrada do sítio, tinha uma grande árvore.
Ela era como uma senhora bondosa que acenava para as visitas
e dava os restos de comida para os cachorros.
De longe, quando a cana ainda era só broto, ela era a
primeira coisa que se via.
Imponente, de pele enrugada, folhas de um verde escuro e
duro.
Suas flores, antes de abrirem, lembravam mãos em prece, um
tubinho marrom que parecia repleto do Sagrado.
E quando se abria, era todo encanto. Suas sementes voavam
pelos pastos solitários e nós colhíamos do chão aquelas flores tão rústicas,
marrons, sem perfume, mas tão delicadas e cheias de pura beleza.
Eu fazia um pequeno buque selvagem cheio de amor e levava
para a mãe, sempre tão exausta do peso da vida que eu ainda não podia ver,
protegido pela bênção da meninice.
A mãe sorria, arrumava um vasinho improvisado e colocava na
estante.
No fundo ela sentia, não era flor que eu dava, era meu
coração bem desabrochado.
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