Não era um mero caminho, não.
Tinha algo de divino ali... Porque quando o sol se punha, sua
luz suave brilhava na alvura dos grãos de areia e eu pensava que aquilo era um
pouco de Deus se mostrando pra mim.
E eu estava certo.
Corríamos e dançávamos ali, como espíritos livres, cheios de
uma pureza que transbordava.
Ela formava um “L”, e no canto desse L tinha uma árvore já na
velhice, com cipós caídos para bater na cabeça dos menos atentos. Para nós, eu
minha irmã, aquilo tudo era um parque de diversões, coisa que só veríamos
tantos anos depois, e que não seriam tão bonitos e tão divertidos.
Nós nos balançávamos, caíamos, chorávamos e ríamos.
O mundo era pequeno e doce, e era só nosso.
A natureza era uma mãe mais velha, uma avó carinhosa, bela,
cheirosa e meio atrapalhada.
Quando chovia, era um milagre, sabe?
Se a mãe deixasse brincar na chuva, a alegria arrebentava o
peito!
A areia branca ficava marrom e nós corríamos como relâmpagos
pelas poças e enxurradas.
Pulando, rindo.
Ninguém havia inventado ainda o tempo. Só o dia e a noite, a
chuva e o sol, as árvores e as tímidas flores amarelas brotando na relva.
A felicidade existe... ou existiu. Porque dançávamos com ela
na estrada branca, nos dias de chuva, nos dias de sol, nos dias que nunca
tiveram fim.
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