29 de mar. de 2016

Outrora: Duke


Na estradinha passavam matilhas de cães. Sabe-se lá de onde vinham. Mas eram muitos, sempre juntinhos, como uma caravana muito bem decidida a chegar a lugar nenhum.
Mas um dia um cachorro solitário passou. Destacava-se pela beleza. Era grande, preto, de longos pelos lisos. Tinha algo de nobre. O pai, se não me engano, laçou o cachorro com uma corda e trouxe pra perto. Fomos domesticando o bicho. Deram o nome de Duke.
Duke era minha alegria. Nas minhas lutas imaginárias, era o poderoso guardião alado, que sobrevoava comigo pântanos monstruosos e terras habitadas por monstros horríveis.
Para mim, ele era bem mais que o manso e preguiçoso cachorrão, que todas as noites subia por uma escada até o telhado onde dormia sem ser importunado. Ele era meu primeiro herói. O primeiro de tantos que precisei em todos os anos que viriam.

Um dia Duke partiu, partiu de uma forma triste que não vale a pena contar. Para mim, ele tinha só voltado para junto das velhas caravanas, indo ao encontro de outros meninos que precisavam de um amigo, de um herói.

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